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Allan do Carmo em mais um ciclo olímpico de natação

Por Giovana de Paula para o blog Mormaii Natação

Allan do Carmo em mais um ciclo olímpico de natação

O baiano Allan do Carmo treina forte para dar aquela ‘apimentada’ nas competições

Mas afinal, o que é que a Bahia tem?

O estado nos presenteou com Allan do Carmo e Ana Marcela, duas grandes esperanças de continuarmos a obter excelentes resultados na modalidade.

Baiano de Salvador, Allan realiza mais um ciclo olímpico, visando agora, Tokyo 2020.

Ele já participou de duas olimpíadas: Pequim 2008 e no Rio de Janeiro 2016.

Anteriormente, Allan do Carmo  não havia obtido o índice para competir em Londres e, segundo ele conta em entrevista exclusiva à coluna Braçada Perfeita, esta foi uma de suas mais duras lições.  “Dali, tive de me refazer”.

Entrevista

Acompanhe na sequência, mais detalhes de nossa conversa com o baiano Allan do Carmo.

Preparo físico, confiança e motivação. Como um bom baiano, qual o tempero que não pode faltar à sua natação? Qual é a ‘pimenta’ que você coloca na água?

Treino! Sem ele não preparo físico, nem confiança e motivação para poder da aquela ‘apimentada’ nas competições.

Allan, o acarajé, é uma comida ritual da orixá Iansã. Na África, na língua iorubá, é chamado de “àkàrà”, que significa “bola de fogo”, enquanto que “jê” possui o significado de “comer”. No seu caso, cite as principais “bolas de fogo” que você teve que transpor para chegar ao nível que você atingiu.  

Muitas “bolas de fogo” foram superadas na minha vida esportiva.

Mas a principal foi, depois de ter ficado de fora dos jogos Olímpicos de Londres.

Ter que me reerguer para conseguir a classificação, da melhor forma possível, para as Olimpíadas do Rio.

Como você lida com a questão religiosa para se manter tranquilo durante uma prova com duração de horas?

Sou católico de criação e espiritualista. Tenho minhas crenças e nunca deixo de fazer minha oração junto ao meu treinador antes de entrar na água.

Abordando um pouco o seu treinamento, você ainda continua nadando, em média, 80 km por semana, e muitas vezes puxando o bote com o seu treinador, com cerca de 122 kg no total? Você ainda faz este tipo de treinamento para aliar força e resistência?

Esse é um tipo de treinamento que ainda usamos em algumas fases de desenvolvimento, normalmente realizado no mar, como forma de introduzir um trabalho de força e resistência durante o treino.

E como são trabalhados os aspectos técnicos? Quais exercícios você destaca que contribuíram para sua evolução? Quais destes são os que você não pode ‘nem sonhar’, pois foram extremamente difíceis para você?

No geral, fazemos um trabalho de muito volume de treino durante a semana e os aspectos técnicos são um trabalho mais específico, conforme as minhas deficiências identificadas durante os treinamentos. O que eu tenho maior dificuldade e que exigem muita atenção são os exercícios para o quadril e o ombro, que são as áreas nas quais sempre necessito ter um reforço extra.

Daí você olha para o mar, uma maré muito forte. Assim foi a prova da Travessia do Canal de Ilhabela no ano passado. Você venceu os pouco mais de 3 kilômetros da prova com o tempo 31’55’’. Como você se prepara mentalmente para estes desafios? 

São muitos anos de vivência nesses tipos de prova. Quando me deparo com uma prova organizada e com uma boa estrutura, já passa uma tranquilidade maior para o atleta.  Já ter nadado provas de 5k, 10k e 25 k faz com que eu não me assuste tanto com uma prova de 3k.

Como um atleta iniciante deve se preparar para se manter calmo na prova?

Fazendo um trabalho de mentalização da prova, imaginando-se fazendo todo o percurso, passando boia por boia até a chegada. Essa é uma das formas que utilizo para me sentir mais calmo antes de uma prova mais tensa.

Em uma definição, “atleta é o guerreiro moderno. Quais as bases que o “homem” Allan do Carmo traz do “atleta” Allan do Carmo?

Muitas. Minha educação e experiência de vida vieram todas através do esporte com muita disciplina, comprometimento e abdicação. Então, levo muito em mim, para o aspecto pessoal, essa raiz do “atleta” Allan do Carmo.

Allan, qual é a sua ‘braçada perfeita’?  

Vou completar em 2018, nada menos que 21 anos de natação. Aquele menino que abandonou o judô em detrimento à natação, nem de longe sonhava com o Allan de hoje. Nem imagino o que eu diria para o “Allanzinho”… Onde errei? Onde acertei? No meu início tudo era como uma brincadeira, uma forma de diversão. Até que chegou a um ponto no qual eu tive uma oportunidade de sentir o que é ser um atleta e poder sonhar como um atleta. Eu já cheguei a errar muito, mas encarei tudo como um aprendizado para minha vida, tentando me superar, sempre. Então não mudaria nada do que foi feito até aqui.

Principal objetivo a ser alcançado?

Hoje é completar mais um ciclo olímpico, chegando a Tokyo em 2020!

O diferencial entre o esporte amador e o profissional?

O rico nível de detalhes no esporte profissional, que fazem a diferença. Então, temos que ser detalhistas em todos os sentidos: alimentação, treino, descanso e todos os tipos de situações que possam interferir em nosso rendimento esportivo.

Uma lembrança marcante: 

Medalha de bronze obtida nos Jogos Panamericanos no Rio em 2007, na praia de Copacabana, super lotada.

Perfil

  • Nome completo: Allan Lopes Mamédio do Carmo
  • Idade: 28
  • Data e local de Nascimento: Salvador, 3 de agosto de 1989

Melhores marcas na carreira

  • Campeão do circuito mundial em 2014
  • Vice-campeão do circuito mundial em 2009, 2015 e 2017
  • Medalha de bronze (10 km) nos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio
  • Medalha de ouro (5 km) nos Jogos Sul-Americanos de 2006 em Buenos Aires
  • Medalha de ouro (10 km e revezamento misto) nos Jogos Sul-Americanos de 2014 em Santiago
  • Vice-campeão (revezamento misto) mundial em 2015
  • 3° colocado (revezamento misto) no mundial em 2013