Blog do Lawrence | Os Guardiões da Floresta

Amazônia: a maior floresta tropical do planeta. A informação que todo brasileiro aprende desde criança passa a ter outra dimensão quando sobrevoamos esse Oceano Verde.

De Manaus a pequena Tapaúa são cerca de um uma hora e 45 minutos em um monomotor. Durante o percurso de mais de 550km só vejo mata, rios e um ou outro vilarejo isolado.

Por barco a viagem duraria cerca de 36 horas. Aterrizamos no pequeno aeroporto, onde além de dois ou três mototáxis, uma pick-up com logo do ICMBio é o único veiculo à vista.

Quem me espera é Agenor Herculino dos Santos, funcionário da Reserva Abufari há 30 anos, que será meu guia num desafio e tanto. Nos próximos dias ficarei na remota Reserva para tentar documentar um fenômeno natural impressionante: a subida coletiva das Tartarugas da Amazônia para desovar.

Mas se filmar as ariscas tartarugas é um desafio, ele é muito menor do que o desafio que Agenor e sua equipe, coordenada pela atual chefe da Unidade, Ângela Midori, enfrentam desde a criação da Reserva: Protegê-las!

Podocnemis Espansa, nome científico da Tartaruga Gigante da Amazônia, é uma das espécies de quelônio mais ameaçadas de extinção no mundo todo. Para piorar, sua carne é fonte de proteína para ribeirinhos e uma tradicional iguaria em festas da elite do Norte do Brasil.

Normalmente, as tartarugas estão espalhadas por rios, lagoas e várzeas alagadas e os caçadores só conseguem capturar um outro indivíduo isolado. Porém, na época de reprodução, uma vez ao ano, cerca de 2.000 tartarugas se concentram para desovar nas praias da Reserva Abufari.

Calculando que cada uma delas pode ser vendida a R$400 e revendida até R$800 ao consumidor final, em capitais como Belém ou Manaus, estamos falando de algo entre R$800.000 e R$1.600.000 subindo a praia, próximo a comunidades carentes.

Necessidade, ganância, cultura… são vários fatores que ameaçam as tartarugas, cujo valor ao meio ambiente é imensurável. Por isso, nessa época do ano as equipes de fiscalização do ICMBio são reforçadas por fiscais de outros estados, PM Estadual e GCM de Tapauá.

Por mais de uma semana dividi o alojamento espartano da base com esses homens que passam longas temporadas longe da família, enfrentando turnos dia e noite, debaixo de chuvas torrenciais ou sol escaldante, para cumprir sua missão de proteger as tartarugas.

Agenor e sua equipe, assim como muitos outros fiscais e guardas-parque pelos rincões mais remotos desse Brasil, são nossos verdadeiros “Guardiões da Natureza”. Uma salva de palmas para eles!

A natureza agradece

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