Blog do Lawrence | Missão Impossível

Estou filmando uma série de documentários em parceria com a produtora francesa Bonne Pioche (ganhadora do Oscar com a “Marcha do Pinguins”), com a produtora paulistana Canal Azul e com os canais de TV NatGeo e Arte.

Nosso objetivo é registrar o comportamento dos animais durante o amanhecer dos mais diversos biomas do planeta: Mares, desertos, florestas, savanas e planicies congeladas…

A idéia original desse projeto é da roteirista e bióloga francesa Judith Hassling, que se baseia em livros, entrevistas com pesquisadores e em mais de 20 anos de carreira viajando o mundo para decidir quais as sequência que eu e mais 8 cinegrafistas (3 brasileiros e 5 franceses) temos de conseguir.

Uma vez definido o animal e o comportamento matinal que devo registrar, parto como um caçador (ainda bem que só caço imagens) em busca do meu objetivo. Só que a natureza é mais complexa ao vivo do que num escritório em Paris.

Quando recebi a missão de filmar o comportamento dos macacos bugio ao despertarem, me pareceu “baba”… Filmei muitas vezes bugios no Pantanal e na Mata Atlântica, nos arredores de São Paulo.

Só que havia um porém, um enorme porém. Eu tinha de filmar bugios da Amazônia, espécies ameaçadas de extinção e que sofrem muita pressão de caça.

Os poucos bugios que restam na Amazônia são ariscos (muito ariscos) e se especializaram em evitar seres humanos. Ouvi-los é comum, observa-los de longe um desafio aos pesquisadores, documentá-los em close, uma missão quase impossível.

Nossa equipe de produção contatou diversos especialistas e todos foram unânimes em me desanimar. Até que surgiu uma luz no fim do túnel.

A hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, mantém algumas reservas naturais. Numa delas, a ilha de Germoplasma, há diversos grupos de bugios.

Como ali eles não são caçados e convivem 365 dias por ano com botânicos e jardineiros que coletam mudas de plantas para replantar em outras regiões, os macacos (há pelo menos mais 4 espécies na ilha, além dos bugios) são menos ariscos.

Entretanto – eu já havia dito que a natureza é mais complexa ao vivo – havia outro porém. A mata preservada da Ilha de Germoplasma tem arvores de até 45 metros de altura.

Os bugios passam a maior parte do tempo entre 15 e 25 metros do solo. Como filma-los através das folhas e galhos?

Não sou Tom Cruise e parecia que haviam mesmo me dado uma “missão impossível”.

Soldado da natureza | Foto: Olivier Jaudoin

                                      Caçador de imagens | Foto: Olivier Jaudoin

Aguardem cenas do próximo capítulo!

Veja mais aventuras de Lawrence Wahba, aqui!

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